Após começar a jogar Altheia: The Wrath of Aferi, tive uma sensação semelhante a encontrar uma fita cassete sem rótulo, como abrir uma gaveta velha.
Logo de início, percebi um menu bonito, com vibes que lembravam Breath of the Wild misturadas com uma fanfic indie. Em poucos minutos, tive problemas de compatibilidade entre a versão do Steam Deck e meu laptop, resultando em reiniciar o jogo do zero, o que, para mim, foi tranquilo por causa da minha distração natural.
Surpreendentemente, o jogo me cativou. É como aquele crush que parecia meio sem graça, mas que te surpreende com gostos em comum, personalidade interessante e habilidades adoráveis. Altheia não vai mudar o mundo, mas certamente traz um calor reconfortante ao coração dos jogadores.
Lili e Sadi: uma dupla improvável (assim como eu e qualquer atividade esportiva)
O foco do jogo recai sobre Lili, uma protagonista que inicialmente pode parecer irritante, porém, ao longo da jornada, ela conquista seu espaço. No início, minha impressão foi de que era uma versão petulante de uma heroína indie, mas logo percebi que ela era apenas uma garota tentando sobreviver a uma jornada estranha, repleta de missões simples, porém estressantes, como entregar bilhetes, peixes e livros atrasados.
Seu parceiro de jornada é Sadi, um personagem com habilidades variadas que podem transformá-lo em um lobo sombrio, por exemplo, e que equilibra a impulsividade de Lili. O jogo brinca com a dualidade entre os dois personagens, o que complementa bem a jogabilidade.
Jogabilidade: puzzles cativantes vs. combate entediante
Uma opinião controversa que tenho é que os puzzles de Altheia são mais divertidos do que os de Zelda: Breath of the Wild. Eles são variados, criativos e não se limitam apenas a questões de física que raramente funcionam.
No entanto, o combate é o ponto fraco do jogo. A sensação é de golpes sem impacto, a lentidão dos movimentos causa desconforto e a falta de criatividade nas mecânicas de luta pesam negativamente na experiência. A interação entre a resolução de quebra-cabeças e o combate suaviza um pouco essas falhas, tornando-os mais aceitáveis em momentos específicos.
Explorando Atarassia: reminiscente de Tomb Raider com menos adrenalina
O mundo de Atarassia é visualmente encantador, com cores suaves e cenários detalhados, exceto quando o roxo é utilizado, indicando corrupção. A estética do jogo lembra uma mescla entre The Gunk e Tomb Raider, com um orçamento reduzido.
A parte de plataforma é divertida, porém exige paciencia devido à ausência de um salto duplo, o que resultou em diversas quedas ao explorar o cenário.
Música e atmosfera: quebrando a imersão com transições abruptas
A trilha sonora do jogo é cativante e combina bem com a atmosfera de exploração, porém, durante os combates, as transições bruscas de intensidade na música quebram a imersão, tirando o jogador do clima do jogo.
Apesar disso, a ambientação sonora consegue manter a experiência agradável, mesmo necessitando de ajustes para evitar cortes tão abruptos.
Bugs e travamentos: retornando ao checkpoint com frequência
Enquanto jogava no laptop, pude notar que problemas técnicos surgiam com maior frequência em sistemas mais avançados. Itens de missões simples bugavam, forçando-me a reiniciar e retornar ao último checkpoint algumas vezes. Embora não tenham sido problemas críticos, foram o suficiente para causar certo desconforto.
Além disso, a sobrecarga de informações na tela resultava em pausas incômodas e lentidão. Novamente, não eram falhas graves, mas indicam a necessidade de atualizações para garantir uma experiência mais fluída.
Narrativa: simples, mas envolvente
Apesar da história simples, Altheia apresenta camadas interessantes. O encontro entre Lili e Sadi não é por acaso, envolvendo destino, tragédia e nuances que remetem a obras como Mononoke, porém com um toque indie simpático.
Os vilões são previsíveis no início, buscando destruição de forma genérica, mas a introdução de Lili traz reviravoltas inesperadas, mudando a percepção sobre quem é realmente o antagonista.
Embora não seja uma narrativa inovadora, foi o suficiente para manter meu interesse, mesmo desejando um desenvolvimento mais aprofundado, pois senti que o desfecho foi um pouco abrupto.
Visual e design
O visual do jogo é seu maior destaque. A estética em preto, branco e tons suaves cria uma atmosfera acolhedora, com detalhes que ganham vida em telas grandes. O design dos cenários é encantador, convidando à exploração minuciosa.
No entanto, não espere uma revolução visual. A beleza do jogo está em seu charme discreto, mais propício para capturar momentos em screenshots do que para causar um impacto emocional profundo.
Prós:
- Puzzles criativos e divertidos
- Estética linda e aconchegante
- Dupla de protagonistas carismática (mesmo com Sadi sendo meio “chá de camomila”)
- Mundo cativante e com lore fofinho
Contras:
- Combate sem graça e pouco inspirado
- Música que quebra a imersão em combates
- Bugs e pausas em momentos de caos
- Duração curta demais
Nota Final: 6/10
No final das contas, Altheia: The Wrath of Aferi é aquele tipo de jogo que pode não estar na capa de revistas de games, mas certamente vai conquistar os corações de quem aprecia puzzles criativos, lore acolhedor e estéticas encantadoras. Apesar do combate sem brilho, da música instável e dos problemas técnicos ocasionais, a experiência se sobressai. Para mim, foi uma jornada leve, divertida e repleta de momentos inspiradores. Se você curte Breath of the Wild, mas deseja puzzles menos frustrantes, ou se aprecia aventuras indie com uma aura cult, Altheia pode ser uma ótima pedida. Apenas não espere uma revolução, mas sim um aconchego agradável.
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