Lost Twins 2… só de ler o nome já dá aquele quentinho no coração. Porque se perder junto de alguém sempre parece menos assustador, né? (ou mais confuso, depende da pessoa).
Aqui temos os gêmeos Abi e Ben, presos em cenários que parecem saídos de sonhos estranhos: um castelo gelado, uma floresta encantada, um mundo de brinquedos. Tudo muito bonito, tudo muito mágico, tudo muito “opa, como é que eu saio daqui mesmo?”.
E sabe o que é engraçado? O jogo basicamente pega a narrativa, dá um tapa de gato, joga da mesa e fala: “história? não precisa. Vai resolver puzzle, vai”. E eu, como boa viciada em joguinhos de lógica e TDAH profissional, pensei: perfeito, bora. Porque se tem algo que prende minha atenção, é quando eu tenho que mexer caixinhas e desenhar mentalmente caminhos enquanto esqueço que tinha água fervendo no fogão.
Abi e Ben – gêmeos sem fala, mas com carisma
Os dois protagonistas não falam nada. Zero. Nenhum “ai”, nenhum “help”, nem um “socorro, minha perna ficou presa na plataforma”. Eles simplesmente… existem ali. E isso pode parecer meio decepcionante pra quem gosta de enredos profundos, mas, sinceramente? Não fez falta. Porque Lost Twins 2 não tá aqui pra contar uma saga digna da Pixar, mas sim pra dar aquele exercício mental de enroscar o cérebro até ouvir um clique satisfatório quando resolve a fase.
Mesmo mudinhos, Abi e Ben têm carisma: Abi é a mais ágil, Ben é meio estabanado, e juntos eles me lembraram muito aquelas fases cooperativas de jogos LEGO, onde cada personagem tem sua função. Só que aqui o cooperativo pode ser real (tem co-op!) ou imaginário (você joga sozinha controlando os dois e conversa com você mesma, como eu fiz).
O tempero especial: embaralhar cenários
Tá, temos corrida, salto, cordas, botões, caixas pra empurrar. Tudo normal no mundo dos puzzle-platformers. Mas aí o jogo puxa seu trunfo: o sistema de embaralhar áreas como se fosse um quebra-cabeça de blocos.
Imagina que cada fase tem três pedacinhos de cenário que você pode mover para cima, baixo, esquerda, direita. É tipo um quebra-cabeça deslizante, mas ao invés de formar uma imagem bonitinha, você tá abrindo portais coloridos pra permitir que Abi e Ben atravessem paredes como se fossem fantasmas em treinamento.
E é aí que o jogo brilha: não é só sobre mover blocos, é sobre imaginar caminhos impossíveis. Teve hora que fiquei encarando a tela uns bons minutos, como quem olha pra uma conta de matemática achando que vai se resolver sozinha. Mas quando você finalmente encontra a sequência certa… nossa, que delícia! Dá vontade de levantar e fazer coreografia de vitória tipo Fortnite.
Feathers, achievements e a arte de se torturar
Além de terminar os níveis, o jogo oferece camadinhas extras de desafio (porque claro, como se não bastasse sofrer pra achar o caminho).
Cada fase tem 3 penas espalhadas em lugares estrategicamente irritantes, e pegá-las desbloqueia concept art fofíssima. E como boa colecionadora digital, eu pensei: “não preciso, mas quero”. Resultado? Refiz várias fases só por uma pena escondida atrás de um salto milimétrico.
Mas o que me pegou de jeito foram os achievements especiais: tipo “pegue todas as penas só com a Abi” ou “ande de carrinho de brinquedo com o Ben”. Simples no papel, mas difíceis na prática. É aquela diferença entre “fácil de explicar” e “difícil de executar”, igual montar móvel da IKEA sem manual.
A única tristeza é que esses achievements ficam meio fora do jogo, e eu queria que estivessem integrados, sabe? Tipo uma listinha bonitinha na tela pra eu acompanhar sem precisar abrir menu externo. Pequeno detalhe, mas fez falta.
Música, cenários e aquele aconchego
A trilha sonora é calma, serena, quase como se dissesse: “relaxa, amiga, você vai conseguir”. Não atrapalha, não enjoa, só embala os pensamentos. É aquele lo-fi que você coloca pra estudar e acaba arrumando o armário inteiro.
Os cenários também merecem carinho: o castelo gelado é frio e lindo, a floresta é mágica e verdinha, o mundo dos brinquedos é um charme. Nada super elaborado, mas aconchegante o bastante pra você não enjoar mesmo depois de passar minutos travada tentando descobrir como mover uma sala pra esquerda.
O prazer do puzzle puro
Aqui vai um detalhe importante: Lost Twins 2 não tenta ser mais do que é. Ele não finge que tem história épica. Não joga reviravolta de roteiro. Não tenta te distrair com combate (graças a Deus, porque se tivesse espada e arco provavelmente seria horrível). Ele foca nos puzzles, e só.
E sabe de uma coisa? Isso é uma força e uma fraqueza ao mesmo tempo. Força, porque ele faz muito bem o que propõe. Fraqueza, porque se você não curte puzzle, não tem mais nada aqui pra te segurar. É tipo ir numa sorveteria que só vende um sabor – se você ama, vai ser o paraíso; se você não gosta, vai embora cedo.
Co-op vs. Single player
Eu joguei no single player, controlando Abi e Ben sozinha, e foi ótimo. Funcionou bem, senti que o jogo é feito pra quem gosta de pensar em silêncio.
Mas existe a opção de co-op, e eu honestamente fico tentando imaginar como seria jogar isso com alguém do meu lado. Provavelmente acabaria em discussão do tipo: “move essa peça pra direita” – “não, pra esquerda!” – “não tô entendendo, deixa eu fazer” – desliga o controle e briga.
Talvez funcione bem com dupla paciente, mas pra mim o charme foi resolver tudo no meu próprio ritmo, sem ninguém reclamando que eu tô 15 minutos parada olhando o blueprint mode.
Pontos negativos (porque nem tudo são penas fofinhas)
– Falta de narrativa: eu sei, já falei que não é essencial, mas confesso que senti falta de pelo menos uns diálogos fofinhos entre os gêmeos.
– Repetição: depois de uns 20 puzzles, a fórmula começa a dar aquela sensação de déjà vu. Não é ruim, mas é perceptível.
– Achievements pouco integrados: poderiam estar mais visíveis dentro do jogo.
– Coop parece meio deslocado: funciona, mas não é o foco.
Prós:
- Mecânica de embaralhar cenários é criativa e viciante
- Desafios extras com penas e achievements
- Visual aconchegante e música relaxante
- Abi e Ben são mudinhos, mas fofos
Contras:
- F
